INDICAÇÕES
[SÉRIE] THE BEAR (2022 - )
Faz alguns anos que eu notei um padrão no meu consumo audiovisual. Dentre as várias opções de streamings e canais pagos que ainda existem por aí (em lenta morte, como uma lagosta a ser cozida em água quente), não acho que seja demais dizer que minha produtora de séries favorita é a FX.
Segundo minha namorada, “o canal do homem” - dada a imposição na voz do narrador brasileiro ao apresentar a grade semanal, cheia de filmes clichês de ação - desde 2008, com a sua campanha de rebranding “There is no box” (trocadilho com “pensar fora da caixa” e HBO [Home Box Office]), vinha apostando numa identidade para as suas séries que fossem, bem, “fora da caixa”.
Entre as surrealistas Atlanta, Louie, Baskets ou Man seeking woman, as progressistas Pose ou Pride, e as séries de terror American Crime Story, The Strain ou American horror history, nem mesmo a compra do canal pela Disney parece ter tirado esse senso de trazer algo diferente ao espectador, diferentemente do que vemos semanalmente vindo da pasteurizada Netflix, da sempre dark HBO (boa, mas cansativa se em exagero), ou na própria Disney com suas produções PG-13 meia boca. A prova mais recente disso, quem sabe, é a série sensação The Bear que, produzida pela FX, foi transmitida nos Estados Unidos pela Hulu e no Brasil pela Star+.
Na premissa, Carmen «Carmy» Berzatto, um renomado chef de cozinha, volta a Chicago para assumir um restaurante familiar após a morte de seu irmão. Sob esse resumo, uma produção frenética, claramente conduzida por Hiro Murai - Atlanta (2016-2022) - dá lugar a uma série de temas como a exigência do mundo gastronômico, conflitos interpessoais, dependência química e, principalmente, a dificuldade masculina em lidar com o luto (talvez esse realmente seja o canal do homem).
Com o tempo perfeito por episódio - 30 min -, The Bear, que, convenhamos, não tem necessariamente o plot mais original do mundo, tem sido aclamada pela crítica e público principalmente por sua abordagem “fora da caixa” em como tratar esse tema até batido: ao The Guardian, Lucy Mangan se pergunta retoricamente se “você deveria assistir a este drama de cozinha genial imediatamente? "Sim, chef!". Por sua vez, ao A.V. Club. Tim Lowery nos diz que “Uma vez que você está aclimatado, The Bear se torna uma espécie de maravilha, um show com seu próprio ritmo e com personagens que você geralmente quer estar por perto, mesmo que eles estejam perdendo”. E, por fim, Giovanna Breve faz uma lista no site Omelete sobre “Por que você deve assistir uma das grandes séries de 2022”.
Se uma série fora da caixa te parece uma boa pedida, então The Bear com certeza é pra você.
A primeira temporada da série (espero que venha uma segunda) está disponível do Star+.
[TEXTO] 6 DICAS PARA POETAS INICIANTES - LUCAS LUIZ
Mais uma vez venho aqui recomendar um texto do Lucas Luiz sobre poesia. Depois da polêmica sobre chamar a poesia brasileira contemporânea irrelevante, o autor volta em sua plataforma no Medium para nos dar 6 dicas do que considera um bom início a todo poeta iniciante.
As dicas vem num formato bem didático, como é do gênero, e realmente são uma boa introdução ao problema central que Luiz tinha atacado em seu texto anterior, quer dizer, partem de uma percepção tecnicista da poesia e da literatura no compreender e fazer poético a fim de expurgar da atual produção literária sua falta de profissionalismo e requinte técnico.
A leitura, nesse sentido, serve como arcabouço prático a iniciação dos jovens mancebos; o consumo de teoria, por sua vez, daria estofo intelectual dessa mesma prática - “os estudiosos são grandes guardiões da técnica”, afinal -; já a fuga da visão romantizada do poema é exatamente a morte do poeta maldito que pregavam os mais técnicos poetas e teóricos do século XX (Benjamin, de Campos, Rama, etc.) na perspectiva do surgimento de um poeta profissional. E assim em diante.
A recomendação, nesse caso, é pela dubiedade com que um texto como esse aparece no contexto atual: por mais que esse discurso possa parecer elitista, - em que o mais técnico prevalece sobre o menos técnico - o que percebo nele é justamente o oposto disso. A possibilidade da tecnificação da literatura, seja no seu compreender como no produzir, libera a literatura e a poesia de uma elite anterior que via nesses signos algo “sagrado” ou “intocável” que, com efeito, simplesmente justificava a manutenção dos mesmos privilegiados de sempre no poder da política literária. Enquanto a técnica é democrática, o sagrado ocidental, como tentei discorrer no ensaio SERIA O FEMINISMO O GRANDE INIMIGO DA LITERATURA HOJE?, é inteiramente excludente a quem não se ajoelha sobre suas vontades e sacerdotes.
Ratifico, então, a recomendação ao texto de Luiz.
Você pode acessá-lo clicando aqui.
[LISTA] NEWSLETTERS BRASILEIRAS - MANUAL DO USUÁRIO
PONTO POSITIVO DAS NEWSLETTERS: você tem bastante autonomia tanto na hora de produzir - hoje existe dezenas de plataformas que disponibilizam um sistema de mailing e você pode até mesmo fazer isso de forma independente se tiver os recursos e a vontade - assim como na hora de consumir esse material: diretamente no seu email, essa ferramenta democrática e que todo mundo tem (por força de trabalho ou simples registro na internet), você pode lê-las quando bem entender, organizar em pastas e, mais importante, se mantém livre da loucura de aplicativos próprios ávidos por sua atenção a cada 5 segundos.
PONTO NEGATIVO DAS NEWSLETTERS: exatamente porque as newsletters encontram essa diversidade tão grande na raiz de suas produções, bem como o próprio estado low profile que as mesmas tem, ao serem compartilhadas de email em email (gerando um senso restrito de comunidade), fica um tanto quanto difícil de encontrar novas newsletters se por acaso você se interessa nesse formato.
Nesse sentido, o Manual do usuário presta um grande serviço ao realizar uma curadoria de Newsletters brasileiras que ele cuidadosamente cuida, gerencia e categoriza.
A lista, que hoje conta com mais de 200 newsletters gratuitas para os amantes de leitura, tem várias produções que incluem trabalhos com literatura, cultura, tecnologia, política, finanças, gastronomia, marketing, negócios, pesquisa científica, newsletters de conteúdo pessoal e o que mais você tiver em mente.
Vale muito a pena dar uma conferida, corre lá.
Basta clicar nesse link.
Um forte abraço e até a próxima,