Trabalho rápido, conferindo o relatório. Letras brotam na tela e espero que mais letras brotem depois destas. Mas o tempo urge, arrumo minhas malas, saio de casa, entro num ônibus e, quando acordo, já sinto o calor saunico do Rio de Janeiro, mesmo em novembro.
Esta foi a penúltima, senão a última, vez que pisei na UFRJ como aluno da instituição. Efetivamente, a UFRJ, como lugar físico que me deixa de pé, suando, nos 27 graus abafados de uma terça-feira, já ganharam cores pouco louváveis quando primeiro estive ali em textos anteriores. Mas esse texto, não é para falar mal da infraestrutura da universidade carioca (que realmente precisa de reparos, houve incêndios recentes lá por falta de manutenção) ou para pedir algum tipo de desculpas pelo dito (já que não me arrependo dos fatos). Esse texto, está aqui para informar que esta penúltima, ou última, vez que pisei na UFRJ me ensinou mais uma importante lição na minha trajetória de vida que é: ainda tenho muito o que aprender.
Pois lá estava, com malas sobre os braços, suor escorrendo a tez e, enquanto me apresentava na minha respectiva mesa de teoria e narrativa literária contemporânea, percebi que poderia facilmente travar diálogo com qualquer pessoa presente ali (éramos apenas 5 pessoas, com público) sobre os tópicos apresentados, coisa que o fiz: indaguei sobre questões parentais na literatura de Juan Pablo Villalobos, falei sobre o pacto autobiográfico de Lejeune, discorri sobre a teoria da narrativa atual e citei de cabeça nomes bastante relevantes da cena acadêmica sobre determinados temas. Percebi, naquela tarde, como de fato já estava em vias de me tornar um doutor e, como doutor, teria a capacidade de me aprofundar em vários pontos desde a importância do meu próprio trabalho.
CONTUDO,
Não se engane em achar que sai do evento carioca de ego inflado. Muito pelo contrário, só consegui me apresentar depois de, pela manhã, assistir a uma mesa em que eu não conhecia nenhum dos autores sendo estudados com profundidade, nem as teorias sendo usadas ou traçar qualquer tipo de argumento que dialogasse com aquelas pesquisas. O que ganhei naquela manhã, com efeito, foi um banho de humildade e dar-me conta da minha própria ignorância, compreendi que, mesmo que meu trabalhe seja de alto nível, todos ali também estão realizando trabalhos de tão alto nível quanto. Foi essa segurança, de que ainda tenho muito o que aprender, é o que me proporcionou confiança o suficiente para mais tarde dialogar com maior desenvoltura com os meus pares.
Após o expediente, e o pós-expediente (com breves bate-papos entre cafés), me voltei a rodoviária, voltei a Minas, trabalhei mais uma difícil semana e agora os escrevo, cansado, mas feliz, sobre as atualizações da MAGAZINE.
Do lado de cá, informo que a minha tese está, finalmente, em vias de ser concluída e, nesse sentido, o ritmo das publicações provavelmente voltarão ao normal (todas as segundas). Também informo que os textos seguirão normalmente durante todo o fim de 2022 assim como início de 2023 na mesma sequência de sempre: uma atualização, um ensaio, um texto de indicações e uma resenha.
Acredito que já seja possível de dizer que é bem provável que para o ano que vem nós tenhamos lançamento de mais um zine aqui pela newsletter. O quando ainda é meio nebuloso, mas sem dúvida vocês receberão novas atualizações sobre isso.
No mais, que as festividades sejam boas a nós todos e, novamente, agradeço imensamente a você por estar aqui comigo, nessa jornada.
Um forte abraço,
Eu me vi aí.